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Faz sentido falar em planejamento de ano em 2022?

Hora do Café

Edição N.º 12 - Janeiro de 2022

Hora do Café

Janeiro é um mês engraçado. Os dias dentro desse mês se dividem e se confundem: são dias ensolarados, de céu azul, que - não mais que de repente - se transformam em dias chuvosos, de céu cinzento. Para além do clima típico de verão, o primeiro mês do ano carrega consigo uma dualidade no que tange à produtividade. É em janeiro que costumamos descansar, curtir as férias… Mas também é nesse mês que a palavra planejamento mais aparece na nossa rotina. Afinal, chegado o final do mês de janeiro, o Fique Bem tem uma pergunta capciosa: você já planejou o seu ano? A essa altura de 2022, quantos passos você já percorreu em direção às suas resoluções de ano novo? 


"Eu não sei o quanto funciona para todo mundo ter resoluções anuais. Eu não sei o quanto funciona para todo mundo estabelecer metas para si mesmo, que precisam ser cumpridas em 365 dias. Eu não sei o quanto, no mundo atual, isso é factível", reflete o psicólogo clínico e facilitador de grupos Fred Barão, membro da Associação Paulista da Abordagem Centrada Na Pessoa. 


Afinal, você já parou para pensar que falar em promessas de fim de ano em dezembro e em planejamento anual em janeiro é uma tradição que criamos, mas que não é exatamente uma realidade que cabe e faz sentido para todo mundo? Veja um exemplo atual e presente na vida de muitos de nós, professores: essa linha do tempo predeterminada vem sendo colocada em questão, atualmente, por algumas instituições de ensino que, ainda no primeiro semestre de 2022, estarão terminando o ano letivo de 2021. Afinal, nesta Hora do Café, queremos refletir com você: como planejar 2022 em janeiro se ainda estamos presos a 2021?


Em um famoso texto do jornalista Roberto Pompeu de Toledo (falsamente atribuído ao escritor Carlos Drummond de Andrade), é levantada uma crítica sobre essa convenção social de dividirmos o ano em doze meses. "Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial", diz o texto. "Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para frente vai ser diferente".


Para Fred Barão, além de toda essa subjetividade do tempo, quando falamos em resoluções e planejamento anual, precisamos levar em conta outras duas questões: o que queremos alcançar e como o queremos fazer. "É preciso refletir o quanto aquilo faz sentido para mim. O quanto que eu me conheço e sei que aquilo faz sentido pra mim. O quanto que eu vou estabelecer uma meta que eu já não cumpri durante tantos anos. O quanto que eu já vou entrar perdendo e o que isso traz pra mim, afinal", complementa. "E, depois, finalizamos com o como. Como trazer isso à vida? Será que alguém já fez isso? Será que alguém teve uma estratégia que pode me inspirar a fazer isso, dentro daquilo que eu vejo como possível?", conclui o psicólogo.


É preciso muito autoconhecimento, respeito ao próprio estilo de vida e sinceridade para lidar com um planejamento anual. Às vezes, uma boa ideia é quebrar o ano em etapas e planejá-lo como fazemos com os nossos estudantes: em semestres, em bimestres… O segredo é sempre respeitarmos o nosso próprio ritmo, na medida do possível, e colocarmos, nós mesmos, na nossa agenda, assumindo compromissos reais e sinceros. A partir do momento em que o seu planejamento levar em conta a sua saúde mental e o seu bem-estar, as chances dele ser efetivo e refletir bem o seu ano aumentarão. 


E isso vale para todos os âmbitos da nossa vida, seja no espaço acadêmico, no convívio social, no campo afetivo ou na vida profissional.


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