top of page

SEE Learning oferece novo vocabulário a professor budista

Corações e Mentes em Ação

Edição N.º 22 - Novembro de 2022

Quando pensamos na importância da saúde coletiva, passamos pela investigação das origens e de como se reproduzem socialmente algumas doenças, para que seja possível combatê-las. Além disso, a saúde coletiva dialoga diretamente com o conceito de interdependência. Quantas vezes você se viu com a saúde abalada — física ou psicologicamente — em decorrência do contexto em que você estava inserido? Como ser saudável em uma sociedade que adoece? Tudo está interligado.


Neste mês, conversamos com o professor Marcelo Castellanos, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (PPGSC-ISC/UFBA). Marcelo diz que tem “um pezinho no budismo” e, há alguns anos, começou a ter um contato intenso com práticas contemplativas. Diante disso, não demorou para que os caminhos de Marcelo cruzassem com os do SEE Learning.




O SEE Learning (do inglês, Social, Emotional and Ethical Learning) é um curso de aprendizagem para corações e mentes. Aplicado no Brasil pela ONG Gaia+, mesma instituição que está por trás do Fique Bem, trata-se de um programa internacional desenhado para fomentar a aprendizagem social, emocional e ética em todos os níveis da educação básica. O curso é elaborado pelo Centro de Ciência Contemplativa e Ética Baseada em Compaixão da Emory University, em parceria com o Dalai Lama, e é focado em levar compaixão para dentro da sala de aula. As inscrições para os dois módulos do curso podem ser feitas aqui.

“Durante o curso, teve esse brilho de eu me sentir em casa e, ao mesmo tempo, dentro de uma casa diferente, com uma outra decoração, uma outra maneira de ser”, conta Marcelo. “Foi muito bacana! Eu ganhei muito em termos de linguagens, porque a minha experiência no budismo é dentro de um budismo tracional, que tem o seu vocabulário e uma maneira ritualística de ser também — e isso não é possível de ser levado para outros ambientes, principalmente o ambiente acadêmico”, ressalta.

“Sem dúvida nenhuma, o curso acrescentou muito pra mim e a experiência dos facilitadores é muito grande, porque eles conseguiram trazer esses assuntos com muita leveza e profundidade. Só quem vive isso verdadeiramente consegue. O conteúdo não é da boca pra fora: é de fato baseado na experiência”, continua.

Marcelo é sociólogo e encontrou na saúde coletiva uma formação de caráter interdisciplinar. Ele conta ainda que participa com a esposa, Sandra, de um grupo budista e, envolvido pelas práticas contemplativas, já tentou trazer a meditação para dentro da sala de aula. “Achei que não seria bem aceito, mas as pessoas estão muito abertas hoje em dia e fomos alinhando”, compartilha. Convidado a participar do SEE Learning, o professor descobriu novas formas de inserir a prática no convívio com os alunos.

“Por mais que eu ache que tenho uma certa experiência docente e uma conexão legal com os alunos, eu percebi como dá pra criar novos espaços, novos canais com eles”, afirma. “Percebi como eu já estava, de alguma maneira, um pouco engessado e perdendo algumas oportunidades de poder me conectar com eles de formas diferentes. Ampliou o meu repertório! Me mostrou que tem coisas legais naquilo que eu estou fazendo, mas que certamente tem outras possibilidades que eu não estou experimentando e que certamente vão me enriquecer”, continua.

À redação da revista Fique Bem, o professor analisou positivamente também o método de aprendizagem proposto pelo SEE Learning. “O que eu achei muito interessante e me deixou extremamente impressionado, e também grato, é que a gente vivenciou na prática aquilo que estava sendo proposto no curso. Antes mesmo de ser verbalizado, antes de ganhar um nome, a gente estava fazendo junto”, diz. “Essa é uma forma de aprendizagem, de introduzir, de conduzir a gente pelas mãos, mas ao mesmo tempo nos deixando soltos para nos entendermos naquele processo”.

“Pra mim, é muito claro que esse curso permite que a gente se conecte consigo mesmo, em relação a tudo o que a gente está fazendo. Então, esse caminho da gente trabalhar as nossas experiências como um ponto de partida, assim como as experiências dos estudantes, ele é muito potente. A gente vai nutrindo a nossa compaixão conosco mesmo e isso vai possibilitando à gente entender a nossa conexão com os outros, e também reconhecer a nossa interdependência”, continua o professor.

Para finalizar, Marcelo deixa um recado aos educadores: “Se você gosta de educação e gosta do que faz, você tem muito a ganhar com esse curso, porque você vai se conectar com coisas que você faz bem e vai poder ampliar isso de maneira a fazer melhor ainda para você e para os outros”.

REVISTA

bottom of page