Educadora usa prática de autocuidado pra promover estabilização emocional em escola no dia 20 de abril
Fabíola Romero, ex-aluna do curso Rotina de Autocuidado na Sala de Aula, é coordenadora em Minas Gerais e ressignificou data com ajuda do SEE Learning
Habilidades Socioemocionais
Edição N.º 28, Maio de 2023
Depois de dias marcados por episódios de violência em escolas, as instituições de ensino brasileiras passaram a apostar em diferentes maneiras de lidar com essa questão. Ainda sem muita unidade, uma das alternativas encontradas pelas escolas foi investir no autocuidado e na promoção das habilidades socioemocionais. Um trabalho de prevenção que vem sido defendido por uma série de especialistas.
Diante desse contexto, um movimento nacional e independente se destacou no final do mês passado: o dia 20 de abril, que prometia ser uma data marcada, foi transformado em um Dia de Paz nas Escolas, uma iniciativa que promoveu um ambiente escolar pacífico, acolhedor e seguro para todos. Você reparou esse movimento acontecendo na sua escola também?
Essa foi a estratégia seguida por Fabíola Romero, coordenadora do Projeto Escola Integrada (PEI) em Belo Horizonte. Trabalhando com aproximadamente 350 crianças, Fabíola encarou o dia 20 de abril como uma oportunidade de abordar fundamentos do SEE Learning com os estudantes.
O SEE Learning (do inglês, Social, Emotional and Ethical Learning) é um programa de aprendizagem para corações e mentes. Aplicado no Brasil pela ONG Gaia+, mesma instituição que está por trás do Fique Bem, trata-se de um trabalho internacional, desenhado para fomentar a aprendizagem social, emocional e ética em todos os níveis da educação básica. Os cursos são elaborados pelo Centro de Ciência Contemplativa e Ética Baseada em Compaixão da Emory University, e são focados em levar compaixão para dentro da sala de aula.
Fabíola é ex-aluna do curso Rotina de Autocuidado na Sala de Aula, um curso prático do SEE Learning, e contou à revista Fique Bem que está trabalhando a proposta de conduzir práticas de autocuidado não só com as crianças, mas, antes com os 15 monitores com quem trabalha.
“Os monitores amaram e foi muito emocionante, porque o trabalho em escola é muito estressante, os monitores ficam muito cansados, desgastados, e às vezes a gente não tem esse espaço de acolhimento. Nas práticas, a gente conseguiu ouvir o outro, entender pelo que o outro passava, chorar junto e até pensar: ‘Nossa, eu também estou assim. Então eu não estou sozinha’”, comenta Fabíola.
“No dia 20, muitas escolas suspenderam as aulas, mas nós não quisemos ir por aí. Nosso objetivo foi trabalhar e transformar esse dia em um dia de paz, inverter a lógica”, relata. Fabíola conta que, na ocasião da Páscoa, dias antes, para assumir uma posição laica, a escola havia promovido o Dia da Partilha, com apresentações pautadas no conceito de paz. No dia 20 de abril, portanto, os alunos do ensino regular foram convidados e repetir a apresentação que haviam feito anteriormente. Além disso, cantaram músicas que falavam de paz e chegaram a celebrar em um abraço coletivo.
Ressignificando o dia a partir da prática da estabilização
No ensino integrado, os estudantes foram convidados a fazer uma grande roda e conversar sobre como se sentiam naquele dia. “Deixei eles falarem sobre o que aquele dia significava pra eles, e o que a paz significava para eles. Na sequência, trouxemos um pouco do conceito de paz, seguido pela prática da estabilização. Com isso, eles foram convidados a sentirem cada parte do corpo, entenderem as emoções que tinham ali”, lembra Fabíola. A coordenadora conta que convidou as crianças a imaginarem um planeta da paz e, depois, todos os alunos fizeram registros em formato de desenho sobre esse planeta que imaginaram. “Depois compartilhamos os desenhos, cantamos uma canção e fizemos uma coreografia. Foi lindo!”, recorda.
“Conseguimos ressignificar o dia. Não sentimos nenhum fragmento de medo no dia 20 de abril. Nenhuma sensação de que algo ruim iria acontecer. É claro que ajudou o fato de que eles já estavam tratando do tema paz dias antes, mas foi muito gratificante ter construído esse ambiente com eles em um dia tão desafiador”, conclui Fabíola.