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Como fomentar uma educação antirracista em pleno Brasil de 2022?

Racismo e Antirracismo no Brasil no século XXI

Edição N.º 19 - Agosto de 2022

Não precisa ir muito longe. Ainda nesta semana, no início de agosto, quando essa revista vai ao ar, mais um caso de racismo tem pautado jornais e gerado indignação. Infelizmente, se tirarmos a data desse parágrafo e deixarmos o texto sem nenhum marcação temporal, ainda assim, podemos dizer com certa certeza que um caso de racismo recente aconteceu, que muita gente se indignou e que a pauta será esquecida pela mídia tradicional assim que outro caso surgir para ocupar o horário dedicado no noticiário.

E que sociedade é essa que normaliza a violência contra pessoas negras? Como pode essa ser a realidade de um país que, se formos levar em conta a divisão étnica do IBGE, possui mais de 50% da sua população negra? Como pode uma pessoa negra ser vítima de racismo no país com a segunda maior população negra do mundo? Que educação é essa que estamos reproduzindo?

São muitas perguntas e, para ajudar a respondê-las, chamamos a advogada, antropóloga e capoeirista Haydée Paixão para ser a facilitadora do curso Racismo e antirracismo no Brasil no século XXI, mais um curso dessa primeira e super leva de cursos do Fique Bem. Haydée é mestranda em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, pós-graduada em Direito Sistêmico e especialista em Estudos Afrolatino-americanos e caribenhos. Além de ser um doce de pessoa, com uma energia incrível.




A advogada diz que entende o professor como figura essencial na luta contra o racismo. “Muitas vezes, cabe aos professores a missão de passar valores éticos, humanos e universais aos seus alunos, para coibir práticas racistas, discriminatórias e preconceituosas em sala de aula -  que podem ser oriundas dos próprios estudantes, que aprenderam com os próprios pais”, afirma. “Logo, os professores podem ajudar a gente a construir uma sociedade mais justa, mais igualitária, mais humana, mais ética, mais afetiva, mais sensível”, diz ela.​Apesar de ter um currículo extenso e potente, Haydée confessou à redação da nossa revista que, assim como muitas mulheres negras, duvidava do valor do seu conhecimento. Segundo ela, o processo de construção do curso foi importante para ela mesma percebesse o quanto sabia e o quanto tinha para compartilhar com os alunos dos cursos do Fique Bem.​“Quando eu fui ver, eu tinha muito conteúdo! A minha dificuldade durante o processo de construção do curso foi escolher quais os conteúdos que eu iria abordar. Tanto que esse curso que eu fiz foi um curso que acabou ficando mais introdutório, e eu vou fazer um segundo curso mais aprofundado sobre essas temáticas”, revela ela  - olha o spoiler que só o leitor da revista Fique Bem tem!​“A transformação que eu espero que o meu curso cause nas pessoas que assistirem às aulas é uma transformação de uma mudança de ações a partir de uma conscientização, uma transformação na mentalidade“, afirma Haydée. Segundo o raciocínio dela, como são os sentimentos que se transformam em pensamentos e, esses, se transformam em ações, o objetivo do curso é conquistar uma mudança profunda nas pessoas, começando pela reflexão. ​“Procuro trazer novas concepções, para mudar a mentalidade sobre o que, muitas vezes, os próprios professores das gerações mais antigas aprenderam”, afirma. “Eram concepções que reproduziam a discriminação, o racismo, o preconceito e a ignorância, em relação ao passado escravista do Brasil, à herança desse período colonial e imperial, e que contribuíram para a construção de uma república em que há muita desigualdade social e racial”, continua. ​“Espero que os professores possam sempre incentivar os estudantes negros e negras para que eles terminem a escola, para que busquem, depois de terminar, cursinhos pré-vestibulares, que eles queiram entrar no ensino superior”, exclama a antropóloga. “Queremos elevar o número de pessoas negras e estudantes negros nas universidades, principalmente nas públicas. Queremos que as pessoas negras tenham mais acesso às oportunidades no mercado de trabalho, em especial às melhores oportunidades. E que a nossa sociedade compreenda a importância das políticas de ações afirmativas para pessoas negras, quanto reparação histórica”, afirma ela. “A gente quer viver num mundo sem racismo, sem preconceito e sem discriminação. Mas precisamos olhar para trás para entender o nosso presente e construir o que a gente quer para o futuro”, finaliza.​>> Veja aqui como se inscrever no curso Racismo e antirracismo no Brasil no século XXI, com Haydée Paixão.


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