Educação compassiva é ferramenta para melhor uso do tempo na sala de aula
Corações e Mentes em Ação
Edição N.º 15 - Abril de 2022
Quando falamos em uma educação compassiva, que se encarregue das competências socioemocionais, por mais que elas constem na BNCC, muitos professores — e alguns pais — ainda se preocupam. Afinal, como o tempo de aula segue sendo limitado e escasso, introduzir atividades ou práticas que não estejam totalmente conectadas com o conteúdo formal esperado de uma aula de Língua Portuguesa, por exemplo, pode parecer um movimento contraprodutivo. Afinal, que professora de Matemática tem tempo para meditar com seus alunos do sexto ano do ensino fundamental, se eles ainda estão patinando na tabuada?
Mas será que uma estratégia como a meditação não pode ajudar os alunos a assimilar melhor certos conteúdos? Se uma professora de Matemática descobre que os estudantes temem a matéria e ficam ansiosos quando se deparam com uma equação, será que não seria interessante trabalhar com esse bloqueio antes de ensinar mais uma operação? Se um estudante traz, de casa, uma frustração, se ele se sente oprimido na sala de aula, ou se ele está agitado demais para conseguir focar no presente, será que ele vai conseguir aprender com tranquilidade? Pensando por esse lado, a educação socioemocional começa a fazer mais sentido.
Naiara usa tudo que aprendeu no curso e sala de aula
“Eu nunca tinha pensado em levar a meditação ou o ioga para a sala de aula. Isso foi transformador para a minha vida e para a vida dos alunos”, conta a professora Naiara Vilela, que leciona Língua Portuguesa no município de Uberlândia, em Minas Gerais. “Hoje, em todas as aulas, a gente faz alguma coisa nessa linha. E eu percebi que uma coisa que mudou muito foi a agitação, tanto a deles, quanto a minha. Eu chegava na sala de aula e via eles todos agitados, eu ficava agitada junto a eles. Hoje não, hoje eu faço a prática com eles e todos começamos a aula mais calmos e conectados”, diz ela, que trabalha com os estudantes do ensino médio.
“Como professora, muitas vezes, a gente tem medo de levar isso para a sala de aula. Seja por medo do que os pais vão dizer, por receio por conta da direção escolar, mas hoje eu vejo a sala de aula como um momento aluno-professora. No início, eles faziam caras e bocas para as práticas, mas agora perguntam: ‘e aí, professora, vamos fazer as práticas?’ e isso é muito gratificante”, relata a educadora. “Acho ótimo porque, como eu vou mediar um conhecimento para alguém que não está bem? E não estou falando de um ser humano, é uma sala de aula, tem 40 pessoas ali, alguém pode não estar bem”, comenta.
O despertar de Naiara para essas práticas veio do Aprendizagem para Corações e Mentes, curso do SEE Learning — um programa internacional desenhado para fomentar a aprendizagem social, emocional e ética em todos os níveis da educação básica, elaborado pelo Centro de Ciência Contemplativa e Ética Baseada em Compaixão da Emory University. Focado em levar compaixão para dentro da sala de aula, o curso está com as inscrições abertas para a turma do mês que vem.
“Uma coisa que eu quero destacar é que esse curso surgiu em uma época muito complicada da minha vida, da vida de todo mundo, que foi na pandemia. Foi em uma época em que eu estava voltando para a escola. Eu estava no doutorado, me afastei por dois anos e, durante a pandemia, estava voltando a lecionar na sala de aula. Foi uma fase de muita ansiedade, todo mundo viveu isso”, pontua Naiara. “O curso me ajudou muito nessa fase, e transformou a relação professor-aluno, foi incrível”, afirma a professora.
“Outra coisa que eu levei do Corações e Mentes é que eu fiz um cantinho da emoção na sala de aula. A gente pegou um cartaz, escrevemos ‘Cantinho da Emoção’ e eu sempre pergunto para eles: qual é o sentimento que vocês estão sentindo agora? Peço para eles deixarem no cantinho da emoção, deixarem um poema… Se alguém estiver sentindo algo ruim, outro estudante pode deixar um recado de compaixão. Eles gostam muito”, relata Naiara.
“No início, pela forma como as aulas sempre foram construídas, eu pensei: ‘gente, mas eu estou perdendo tempo da aula com isso?’ Mas aí, com o tempo, eu percebi que eu estava era ganhando tempo, era diferente”, reforça a professora. “O tempo em que eu ficava dizendo ‘gente, por favor, vamos fazer silêncio, prestem atenção, voltem aqui…’, eu ganhei! Hoje, eles estão se concentrando melhor, sabe? Aí, eu consigo me organizar melhor até mesmo para organizar o conteúdo”, completa.
Se você também ficou interessado em transformar a sua sala de aula e a relação professor-aluno na sua escola, conheça melhor o curso do SEE Learning. Quem sabe cinco minutos de respiração profunda já não ajude a melhorar a dinâmica da sua sala de aula, professor?