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Educação de qualidade contribui para queda da violência no Brasil

Caneta Vermelha

Edição N.º 15 - Abril de 2022




Você conhece a expressão “pregar a convertidos”? Equivalente ao também famoso “chutar portas abertas”, o ditado se refere a discursos que podem parecer em vão, pois são carentes de objetivos e, muitas vezes, feitos a quem já compartilha das mesmas ideias que o falante, sendo assim, de pouco efeito prático —  além da reafirmação de um mesmo processo de pensamento. 

A gente sabe que todo mundo que lê a Revista Fique Bem já tem consciência sobre a importância da educação para a construção de uma sociedade mais justa, digna e melhor. No entanto, como aprendemos no trabalho de pesquisa acadêmica, a melhor forma de reforçar uma ideia é levantando dados. Então, prepare-se, professor: o Caneta Vermelha de hoje vai te munir de dados para a próxima vez que você precisar defender a educação por aí.


Melhora no indicador também aumentou empregabilidade


Isso porque um estudo feito pelo Insper, promovido pelo Instituto Natura e divulgado neste mês, reforçou o que muitos de nós já suspeitava: o avanço na qualidade da educação básica pode trazer impactos positivos a curto prazo, como redução de homicídios entre jovens, aumento da empregabilidade e ainda o crescimento no número de matrículas nas universidades.

Vamos aos dados? De acordo com o levantamento, o aumento de um ponto no indicador Ideb-Enem (sigla que relaciona o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica ao Exame Nacional do Ensino Médio) está diretamente associado a queda de 25% nas taxas de homicídios. Além disso, o estudo aponta que a melhora no indicador também garantiu um crescimento de 200% nas taxas de jovens empregados e na ampliação de 15% no número de matriculados no ensino superior.


O tal Ideb-Enem, novo indicador de qualidade da educação básica, criado por esse estudo, leva em conta a proporção entre alunos de 6 e 7 anos que foram matriculados no ensino fundamental e aqueles que aos 17 e 18 anos prestaram o Enem, ao final do ensino médio. Além disso, a pesquisa avaliou o efeito da variação nesse indicador educacional nos municípios entre 2009 e 2014 sobre mudanças no número de homicídios, no ingresso no ensino superior e na geração de empregos entre os jovens desses mesmos municípios entre 2014 e 2019. 

Segundo o levantamento, a proporção de jovens que fez o Enem aumentou entre 2009 e 2016, mas depois declinou até 2019. As notas médias no Enem, por sua vez, declinaram entre 2009 e 2014 e depois ficaram estabilizadas. “O novo índice de qualidade da educação básica aumentou entre 2009 e 2014 em todas as regiões do Brasil, mas especialmente nos estados do Ceará e do Rio de Janeiro”, diz o estudo. “Os resultados mostram que os municípios que mais melhoraram nesse indicador também apresentaram maior redução no número de homicídios entre os jovens, aumento nas matrículas do ensino superior e aumento na geração de empregos entre os jovens no período subsequente”, escrevem os pesquisadores. 

 

Ou seja, da próxima vez que alguém questionar a importância da educação na nossa sociedade — ou, como muitos o fazem, afirmar que um investimento na educação só vai resultar em melhoras para a sociedade como um todo a longo prazo — argumente com esse estudo. A gente sabe, mas não custa reforçar e trazer os dados para comprovar: é a educação a chave definitiva para a mudança.

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