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Mãe curiosa completa formação para professores e se torna voluntária de socioemocional em escola

Viviane Tagashira já terminou dois cursos SEE Learning com a ONG Gaia+ e agora está trabalhando com crianças de 6 e 7 anos em escola pública do RS

Habilidades Socioemocionais

Edição N.º 29, Junho de 2023

Se você já trabalhou com educação infantil ou se tem filhos, provavelmente já conheceu (ou é) uma mãe dedicada, que não esconde o seu incessante interesse na educação dos filhos. Natural, o envolvimento ativo de mães e pais no desenvolvimento e aprendizado das crianças pode, algumas vezes, misturar-se à curiosidade e transformar-se em algo ainda maior. 


Praticante de yoga e meditação há quase 25 anos, Viviane Tagashira não se contentou com a carreira que vinha construindo na área do Marketing e, há 23 anos, passou a atuar como professora de yoga. Seu súbito mergulho na educação, porém, se deu de fato em 2007, quando seu filho nasceu. “Tudo mudou. Não só comecei a estudar sobre educação, mas também mudei de cidade”, conta Viviane. A mudança de endereço se deu em decorrência de um problema de respiração da criança. “Meu filho não conseguia respirar, então eu e meu marido gaúcho decidimos sair de São Paulo e nos mudamos para uma cidade pequena no litoral do Rio Grande do Sul”, comenta.


Viviane Tagashira


Foi em Imbé, uma cidade de cerca de 23 mil habitantes, que Viviane matriculou o filho em uma escola pública. “Achei a escola muito melhor que a opção privada, devido à cultura colaborativa e ao contato com a natureza”, afirma. “Mas então eu pensei que, como ele estava em uma escola pública, seria interessante se eu oferecesse algo à escola, à comunidade”, relembra. 


“Comecei a fazer oficina de meditação com as crianças, yoga, oficina de culinária naturalista e fui me ‘infiltrando’. Com o tempo, percebi que a escola me dava abertura”, afirma. “Meu filho cresceu, saiu dessa escola e eu fui perdendo o vínculo. Daí, em meio à pandemia, ouvi falar sobre o SEE Learning, comecei a formação mesmo sem ser professora e, logo que comecei, liguei para a diretora dessa escola, sugerindo voltar com o trabalho voluntário, mas com a proposta do Aprendizagem para Corações e Mentes”.


O SEE Learning (do inglês, Social, Emotional and Ethical Learning) é aplicado no Brasil pela ONG Gaia+, mesma instituição que está por trás do Fique Bem. Trata-se de um trabalho internacional, desenhado para fomentar a aprendizagem social, emocional e ética em todos os níveis da educação básica. Os cursos são elaborados pelo Centro de Ciência Contemplativa e Ética Baseada em Compaixão da Emory University, e são focados em levar compaixão para dentro da sala de aula.


Uma mãe “enxerida” que faz a diferença


“Mesmo sem ser professora, eu peguei o currículo disponibilizado gratuitamente pela Gaia+ e estou seguindo com ele. Descobri várias coisas maravilhosas e, trabalhando como voluntária com os pequenos, fico maravilhada. Nunca tinha trabalhado com crianças de 6, 7 anos, então me apaixonei quando as vi falando de empatia. Saio de lá nas nuvens”, compartilha. 


“Eu acredito que a gente pode melhorar muito o mundo através das crianças. Tenho essa certeza, essa convicção, de que uma criança, sabendo se autorregular, sendo mais gentil, tendo mais tolerância, paciência e respeito pelos outros, vai ser um ser humano que vai poder replicar isso na sua família, na sua escola, no seu trabalho como adulto e na comunidade, fazendo uma cidade melhor e um país melhor”, completa.


Viviane conta que sempre teve uma experiência legal com o yoga e com a meditação, mas que foi no SEE Learning que ela encontrou embasamento teórico para o que fazia. “Tem todo um estudo científico por trás, toda uma metodologia, que faz o negócio ser muito certeiro. Eu nunca tinha trabalhado com crianças pequenas. Até tenho um filho, mas esse é o mais próximo que já fiquei da infância. Uma mãe precisa ter mais ferramentas”, comenta. “O SEE Learning é muito prático. E eu nem sei se as crianças ficam tão felizes como eu fico. (risos) Eu fico carregada de esperança. Amo ver os pequenininhos falando de empatia, de ajudar aos outros, vê-los perceberem que é melhor ser gentil do que ser rude, é impagável”, reforça.


O trabalho voluntário de Viviane acontece por 45 minutos, nas salas do segundo e do terceiro ano do ensino fundamental. “Nesse período, faço uma checagem, uma ou duas práticas de autocuidado e o fechamento”, afirma. “Eu chego e eles já me abraçam, dizem que gostam das atividades, de respirar e de sentir calma. São sementinhas, né? A gente tem que semear e, se brotarem, ótimo”, afirma. “Algumas coisas dão certo e outras nem tanto, mas não vou ficar frustrada. Eu preciso fazer esse trabalho, porque estou em uma fase da minha vida na qual eu não quero mais ser um receptáculo de conhecimento, quero ser útil. Eu sou uma mãe que foi “enxerida” na escola, mas acredito que toda a mãe tenha algum talento que possa compartilhar na escola”, conclui. 

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