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Conheça Francys: o professor de Sergipe que acolhe, envolve e encanta alunos na Engenharia da UFSCar

Filho de professores, nosso convidado do mês nasceu na cidade de Itabaianinha, viveu fora do país e trabalha com foco em uma educação mais humanizada

Fala, Mestre!

Edição N.º 29, Junho de 2023

Itabaianinha é uma cidade localizada a cerca de 120 quilômetros de Aracaju, em Sergipe. Ao longo dos anos, o município de cerca de 40 mil habitantes, ganhou destaque na imprensa por uma curiosidade genética: ela é conhecida como a cidade do nanismo no Brasil. A cada 300 moradores de Itabaianinha, há uma pessoa com a condição, o que representa a maior média nacional.


Foi nesta cidade que o professor Francys Kley Vieira Moreira nasceu e cresceu. Apesar de itabaianinhense, sua família não tem ninguém com nanismo. Filho dos professores Maria José Vieira de Carvalho e José Manoel Moreira, que seguem morando em Sergipe, Francys é engenheiro graduado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e hoje reside e trabalha em São Carlos, interior de São Paulo, onde fez mestrado e doutorado. Professor na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), ele é motivo de orgulho para os pais, a quem ele se refere como mentores.


Professor Francys Kley


“Meu pai me educou à base de giz do quadro. Meu pai, professor de matemática, minha mãe, professora do ensino fundamental. Hoje, estão aposentados. Quando eu comecei a trabalhar em sala de aula, eu contava o que me acontecia, e eles diziam que já tinham passado por situações parecidas. É como se eles olhassem para mim e soubessem. Eles diziam: ‘Eu sei exatamente pelo que você vai passar, porque essa foi a nossa vida por mais de 20 anos, sabe?’”, comenta Francys.


Mesmo assim, Francys viveu experiências únicas, que nem chegaram a ser imaginadas pelos seus pais. Um exemplo disso é que, durante o seu doutorado, o jovem e humilde educador de Itabaianinha vivenciou um ano de intercâmbio nos EUA, o que marcou a sua vida, no aspecto pessoal, acadêmico e profissional. “Foi só um ano, mas foi transformador”, diz.


Um professor de engenharia diferente


Francys é uma pessoa tímida, que encontrou o seu lugar de conforto nas salas de aula. Hoje, é professor no curso de Engenharia de Materiais da UFSCar, um curso que se tornou referência na área, por ser pioneiro na América Latina. Foi lá que o educador conheceu a coordenadora Maria Angélica do Carmo Zanotto, que lhe apresentou o Aprendizagem para Corações e Mentes, um curso SEE Learning, aplicado no Brasil pela ONG Gaia+. O contato com esse curso foi primordial para a vida de Francys e ele tem levado a metodologia para dentro das salas de aula na universidade.


“Os alunos da Engenharia não estão acostumados com, por exemplo, um professor que os chama pelo nome, ou alguém que tenha um olhar mais humanizado. Quando eu conheci o Corações e Mentes, percebi que tinha muita base científica para tudo que eu sempre pensei ser certo, para aquilo que eu já fazia nas aulas e tudo o que eu sabia que dava resultado positivo”, comenta. “Coisas simples como conversar sobre assuntos aleatórios com os alunos no início da aula, rir junto com eles, memorizar o nome de 150 pessoas todo o semestre, fazem muita diferença”, continua.


E essa diferença é comprovadamente significativa. Em pesquisa feita com 89 alunos que cursaram a disciplina de Francys na UFSCar, integrada com os fundamentos do SEE Learning, 79% afirmaram que atividades como as do Aprendizagem para Corações e Mentes deveriam ser mais frequentes nas aulas da universidade. Além disso, 76% disseram que se engajaram mais com a disciplina do curso de engenharia a partir das conversas de início de aula guiadas por Francys, e 93% consideraram as atividades do Aprendizagem para Corações e Mentes ótimas ou boas.


Referências na profissão


Assim como todos nós professores, nosso convidado acumula referências quando falamos em educação. Além da admiração que sente pelos próprios pais, Francys não esconde o fascínio que tem por Maria Angélica, coordenadora da UFSCar. “Ela expandiu a minha visão como educador, sabe? Como professor, de certa forma, foi ela quem me formou, dado que eu não tive uma formação em Pedagogia. Ela me deu muitas visões e novas percepções do que é ser professor”, completa.


Aliás, lembra do um ano que Francys passou nos EUA? Nesse período, ele conheceu outra grande referência na sua prática pedagógica. “Lá, eu conheci uma professora que se tornou um exemplo para mim. Cheryl Woolery, uma senhorinha impressionante. Tinha uma memória absurda, sabe? Ela conversava com todo mundo… Eu acho que, no fundo, eu meio que imitei o jeito dela, sabe? No primeiro dia de aula, ela decorou o nome de 60 pessoas e eu lembro que pensei: ‘Caramba, eu acho que eu vou querer fazer isso também’. Eu fico feliz que esse tipo de gente existe, sabe?”, conclui o professor de nome Francys (não se esqueça), que agora é exemplo e inspiração para tantos outros mais.



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