Como sofrer menos com a inconstância da nova realidade escolar?
Hora do Café
Edição N.º 13 - Fevereiro de 2022
Algumas escolas retornaram às aulas presenciais no último mês, outras ainda seguem no ensino remoto. Muitos professores tiveram que se organizar para o início do ano letivo sem nem saber se as aulas seriam presenciais ou não, se seriam híbridas, se os estudantes estariam vacinados, se trabalhariam em um ambiente seguro… São tantas condicionais que o clima entre os professores no início de 2022 ficou socrático: “Só sei que nada sei”. E essa inconstância pode causar um certo sofrimento. Afinal, como lidar com as imprevisibilidades da vida de uma maneira mais leve?
Para falar sobre o assunto, chamamos a psicóloga Anna Carime Souza, especialista em Psicologia Escolar e em Processos Educacionais na Saúde, para a nossa Hora do Café. Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás, Anna é atualmente psicóloga escolar no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da universidade (CEPAE/UFG), e possui ampla experiência trabalhando em diversas frentes na área da psicologia e da educação.
Segundo a especialista, o primeiro passo para lidarmos com as inconstâncias de 2022 é entendermos que a vida, em si, sempre foi inconstante. “A gente precisa entender que a imprevisibilidade, a inconstância, faz parte da nossa vida. Não é possível a gente controlar todos os aspectos dela o tempo todo”, afirma. “Às vezes, a gente consegue entrar em uma rotina em que a gente já consegue prever parte do que vai acontecer, e acha que aquele padrão vai continuar para sempre. Mas, de um segundo para o outro, tudo pode mudar. E isso é uma coisa que o ser humano precisa aprender a lidar, para conseguir cuidar de si mesmo”, continua a psicóloga.
Certo, isso quer dizer que devemos seguir o espírito de “deixa a vida me levar”, sem nenhum tipo de planejamento? Não é bem assim. Um bom planejamento garante algum nível de segurança ao ser humano, traz benefícios relacionados ao bem-estar físico e mental das pessoas e nos ajuda a alcançar objetivos. Contudo, como equilibrar essa equação?
“A gente tem que tomar cuidado com uma rigidez. A gente pode trabalhar com várias hipóteses do que pode acontecer e, com um bom planejamento, nos preparar de alguma forma para isso também, mas sem rigidez. Isso nos ajuda, inclusive, a cuidar da nossa estabilidade interna, emocional”, orienta a especialista. “No contexto da pandemia, a gente está voltando para uma escola que está diferente e a gente vai ter que lidar com uma nova realidade. São novos protocolos, novas pessoas… Afinal, as pessoas mudaram durante esses dois anos, os professores, os alunos, é uma nova escola. E é preciso que a gente encare isso. Não está tudo igual, está diferente e a gente precisa encarar essas mudanças para saber como agir”, comenta.
“Para não ficarmos tão mal, a gente precisa dar um tempo a nós mesmos e ao outro. Em seguida, parar um pouco e observar: ‘Quais as minhas necessidades? Quais as necessidades do outro que está comigo? O que é possível fazer?’ — porque nem sempre é possível fazer tudo e atender a todas as necessidades, mas, tendo elas claras, a gente consegue até pedir ajuda”, explica.
“Depois de dar um tempo e observar, podemos tomar decisões sobre o que fazer. E não sozinhos. É importante lembrar que o coletivo nos ajuda muito. Devemos chamar os outros para estar com a gente, pois abrir espaços de diálogo é essencial nesse momento. A gente vai conversar, aprender a ouvir o outro… A gente vai até retomar as nossas relações sociais, que estavam à distância, e agora a gente vai precisar reaprender a ouvir o outro, e a estar com o outro de verdade nesse encontro da escola”, conclui.
Então, querido professor, se o seu coração está apertado com o retorno às aulas e a imprevisibilidade desse momento têm te afligido, saiba que você não está sozinho: esse sentimento é natural, dado que estamos vivendo um novo processo de readaptação. Mais uma vez, voltamos à nossa lição essencial aqui na Revista Fique Bem: dê um tempo a si mesmo, entenda as suas necessidades, e vamos juntos. Conte conosco, deixe o seu comentário e vamos dialogar. Se preferir, acesse o nosso grupo no Telegram ou nos mande uma mensagem no Instagram, combinado? Ah, e fique bem!
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